sábado, 8 de novembro de 2008

Ameaças à Biodiversidade I


O conhecimento técnico e científico e o consequente desenvolvimento tecnológico permitem melhorar o uso eficiente dos recursos mas também incrementam as possibilidades e a intensidade dos níveis de exploração da biodiversidade; as ameaças à biodiversidade podem resultar de efeitos directos ou indirectos das actividades humanas, resultando em perdas bruscas de potencial biológico mas gerando de igual modo efeitos cumulativos nos ecossistemas que provocam danos na biosfera actualmente e no futuro.

A crescente transformação de habitats, para terrenos agrícolas, ou de zonas húmidas para aquacultura, a sobreexploração de recursos, quer pesqueiros, quer de combustíveis fósseis; a poluição de solos e rios por nutrientes químicos ( nitrogénio, fósforo), geradora de eutrofização e morte lenta dos aquíferos, das espécies associadas e diminuindo o caudal de água para consumo; o aumento da temperatura dos ecossistemas e as reduções ao nível do quantitativo das espécies, a perda de habitat e do número de plantas por introdução de espécies invasoras; a perda de biomassa global por acção de desflorestação industrial ou por incêndios florestais, o aumento das áreas desertificadas ; o regresso e o fortalecimento de doenças epidémicas de origem tropical; a diminuição do potencial agrícola,…e a lista continua….

Calcula-se que nos últimos dois séculos aumentou três vezes a taxa de extinção de espécies sendo que ela é actualmente 1000 a 10000 mil vezes superior às taxas de extinção “natural” fossilizada; e recordemos que não se conseguem inventariar todas as espécies na Biosfera, nem medir adequadamente o declínio da diversidade genética, que ameaça a maioria das espécies, incluindo as domesticadas pelo uso humano . A própria IUCN calcula que 12% a 52% das espécies constantes nas suas Listas se encontrem gravemente ameaçadas ou extintas!!!

A ameaça mais indetectável à biodiversidade relaciona-se com o aumento da fragmentação ecológica dos habitats que origina ilhas biogeográficas; por um lado, a descontinuidade e a redução de extensão dos ecossistemas origina a médio prazo perda de sustentabilidade das espécies, por outro, as espécies confinadas à “ilha” vêm a sua variabilidade genética reduzida.

Os territórios mais ameaçados são também aqueles que pela sua natureza contêm maior número de espécies, funcionando como “hotspots” para a conservação e estudo da biodiversidade mundial; são exemplo disso os grandes lagos africanos e os espaços naturais classificados, onde se acumulam em 5% do território cerca de 20% das espécies globais. Nos lagos e rios concentram-se 40% das reservas de peixe e 20% dos vertebrados, ou seja, um quarto da biodiversidade encontra-se em 0,01% da água potável do planeta. A destruição das zonas húmidas, cerca de metade no século passado e os fenómenos de degradação de parques e reservas naturais fazem destes locais uma zona de desastre eminente quando até aqui pareciam funcionar como santuário e reservatório.

1 comentário:

A. Gonçalves disse...

As aquaculturas, por exemplo, são uma fonte poluidora quer em ambiente marinho quer em ambiente de águas doces, p.ex. alfufeiras.

A deposição de metais pesados e os despejos resultantes da sua limpeza são problemas ainda por resolver.

Uma das grandes alterações que se verifica ao nível dos cursos de água são a construção de barragens (para fins diversos) e cujas perdas são muito significativas no ecossistema ribeirinho.

A intervenção em zonas de cumeada são acções que contribuiem para a escassez do recurso água